quarta-feira, 30 de março de 2011

Notícia do Dia Atualidades

31 de março: 47 anos do golpe militar de 1964.

Capistrano: O golpe de 1964 e a intervenção americana no Brasil

O Centro de Estudos e Pesquisas África/América do Rio Grande do Norte – CEPAARN realizou, nos dias 23 e 24 de março de 2004, no auditório do SESI, em Mossoró, um seminário sobre o golpe de 1964 e a ditadura militar implantada no Brasil. Esse seminário teve o objetivo de preservar a memória nacional e mostrar as novas gerações os danos causados pelo golpe militar, ao Brasil e ao povo brasileiro. Por Antônio Capistrano*

Muitos lutaram intensamente por Liberdade e Democracia

Os temas escolhidos para os dois dias de atividade foram: 1) O golpe no contexto latino-americano, a expositora foi à professora Maria da Conceição Pinto de Góes (UFRJ); 2) 1964 - o golpe militar no Brasil, o expositor foi o professor Moacir de Góes (UFRJ), ex-secretário de educação do governo municipal de Djalma Maranhão; 3) A ditadura militar – os anos de chumbo, expositora professora Zuleide Faria de Melo (UFRJ) – dirigente nacional do PCB; 4) A anistia e a Nova República, expositor vereador Hugo Manso; 5) O Brasil hoje, perspectivas para o futuro - expositor deputado estadual Fernando Mineiro.

Em todas as exposições os debatedores eram professores da UERN e sindicalistas. No encerramento foi exibido um vídeo com um emocionante depoimento da economista e combatente da luta armada Vera Magalhães, que faleceu recentemente. No próximo dia 1º de abril o golpe de 64, de triste memória, completa 47 anos. Aproveito a oportunidade para fazer uma pequena homenagem ao professor Moacir de Góes, uma das vítimas da ditadura militar, aqui no Estado. Faço essa homenagem reproduzindo parte da palestra proferida por Moacyr no seminário sobre os 40 anos do golpe, realizada também na Assembleia Legislativa. Palestra essa publicada pelo Sebo Vermelho com o titulo “A filha do tempo”. Reproduzo a parte que fala sob a presença americana no golpe, não só aqui, mas em toda América Latina, aonde ele diz:

“...Outra vertente importante do Golpe de 64 é a intervenção americana no Brasil. Aí teríamos de estudar “A Doutrina de Segurança Nacional” (depois transformada na “Doutrina da Contra-Insurgência”) manipulada pela Escola Superior de Guerra, e, a formação ideológica de oficiais das Forças Armadas Brasileiras em escolas e quartéis americanos; a distribuição de dinheiro da Embaixada Americana através do IBADE; a “Aliança para o Progresso”, implantada na América Latina pelos Estados Unidos como forma de intervenção branca para deter a influência da Revolução Cubana; e finalmente, a força naval americana estacionada no litoral do Espírito Santo, abril de 64, em condições de abastecer as forças armadas sublevadas em Minas Gerais e reconhecer o Estado de Beligerância, caso a crise institucional evoluísse para Guerra Civil. O derramamento de sangue e a divisão do Brasil em dois estados foram evitados por Jango que exerceu a política de não-resistência e não aceitou a Guerra Civil.

ditadura

Eram os tempos da Guerra Fria que, se possível, evoluiria para a guerra quente, segundo a “Doutrina do Dominó”, implantada pelos Estados Unidos na Ásia, o que determinou as divisões da Coreia e do Vietnã.

Aqui, na nossa América Latina, farta foi à safra de Golpes de Estado, manipulada pelos EUA: Guatemala (1954), Paraguai (1954), República Dominicana (1964), Bolívia (1971), Chile (1973), Uruguai (1973), Argentina (1977), Peru e Equador também sofreram intervenções e deposições de Alvarado e Rodriguez, respectivamente.

Quando este quadro sombrio já está desenhado, desenvolve-se, a partir do Chile de Pinochet, com o apoio da CIA, a famigerada Operação Condor que ignora fronteiras nacionais e vai abater os combatentes que resistam pela democracia nos seus exílios onde se encontrem ou nas suas pátrias de origem.

Suspeita-se que as misteriosas mortes de Jango, Juscelino e de Lacerda, os lideres da Frente Ampla, tenham a ver com a mão invisível da Operação Condor. Também comenta-se que o assassinato de dez líderes do Comitê Central do PCB, em 1974, tenha sido o preço a pagar para que a Ditadura começasse a fazer a “abertura lenta, segura e gradual. Esses homens não haviam pegado em armas, mas, articulavam-se, politicamente, em defesa da democracia. Luiz Maranhão era um deles”.

Portando, o 1º de abril, por coincidência, o dia da mentira, os democratas brasileiros não tem nada a comemorar, apenas lembrar os danos causados ao nosso país e ao nosso povo pelo nefasto golpe militar de 1964 e do papel sujo desempenhado pelo imperialismo norte americano, desestabilizando as nascentes democracias em todo o mundo.

*Antonio Capistrano foi reitor da UERN é filiado ao PCdoB


domingo, 27 de março de 2011

Reflexões

A escrita e a relação com o conhecimento

Por Chico Braun

Caro leitor, gostaria de iniciar o texto dessa semana refletindo sobre o exercício da escrita e sua relação com o conhecimento. A escrita pode ser entendida como um momento em que nos posicionamos perante o mundo e as coisas e devemos ter o cuidado de lembrar que escrevemos para alguém e não para si próprio. Os textos que venho escrevendo com o título “Reflexões” é parte de um exercício de semanalmente, dedicar-me a escrita e a reflexão de algum tema relacionado ao “estranhamento” que podemos produzir perante o mundo.

Esse estranhamento parte da necessidade de não nos esquecermos de fazer perguntas, de percebermos o conhecimento como algo que precisa se fazer, se reinventar e para isso se faz necessário fazer perguntas. Sócrates já sinalizava uma questão importante para percebermos isso quando disse: “Quando descobri todas as respostas do mundo, mudaram-se as perguntas”.


Perguntar, estranhar o mundo em que vivemos, pode ser a chave para mudanças que necessitamos fazer enquanto sociedade, enquanto indivíduos. Se queremos tornar nossos filhos cidadãos, indivíduos que possam participar de um projeto de transformação social, político e mesmo econômico, precisamos ensiná-los a estranhar, a fazer perguntas, a saber que as coisas, os sistemas sociais, o conhecimento, os conceitos sobre a sociedade sedimentados na cultura ocidental, precisam muitas vezes serem reavaliados e questionados para que possamos seguir enquanto humanos que nos propormos a ser.

A partir do século XVIII, inventou uma percepção de humanismo baseado numa racionalidade que classificou o mundo e mesmo os indivíduos, o mundo tornou-se um jardim da ciência que através do saber científico classificou as coisas dentro do seu desejo, sujeitando os indivíduos a essa ordem de conhecimento, onde o mundo é explicado e justificado pela razão baseada na ciência.

O conhecimento ganhou estatuto de verdade, os saberes passaram a exercer um poder percebido em nosso mundo, para tratar do corpo doente o saber médico se constituiu nesse espaço de saber, o juiz representa um saber constituído nas leis, os educadores constituem um saber sobre a educação e os psiquiatras sobre a loucura e posteriormente os psicólogos sobre a psique (alma) humana. O ser humano foi sujeitado a um discurso de ciência, esquadrinhado e classificado pela ciência que se colocou como uma verdade (como podemos perceber na obra de Michel Foucault).

A escola moderna foi obra desse processo de sujeição e com o decorrer desse processo a escola deixou de perguntar. Foi culpa da escola? Dos professores? Da sociedade? Deixarei essas perguntas em suspensão para na próxima semana tratarmos da escola e sua relação com o conhecimento e como ela deixou de fazer perguntas, de estranhar o mundo.



Notícia da Semana Atualidades

"O futuro da sustentabilidade passa pelo Brasil"

Ex-presidente americano Bill Clinton diz que o País tem muito do que se orgulhar no campo ambiental, mas alerta que não dá para descarbonizar sozinho

Edson Franco, enviado especial a Manaus

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“Quando falo em um evento como esse, tento montar e apresentar um quadro para que as pessoas desenvolvam seus próprios pensamentos.” Foi exatamente isso o que o ex-presidente americano Bill Clinton fez em sua participação no Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus. Cerca de meia hora atrasado, ele subiu ao palco ao lado do empresário Nizan Guanaes, que fez uma bem pronunciada apresentação em inglês.

Depois, por cerca de uma hora, o ex-presidente desfilou números, falou da sua experiência à frente do governo americano, lembrou histórias no mundo e revelou alguns projetos nos quais a Fundação Bill Clinton está envolvida.

Começou jogando para a torcida ao dizer que não imagina um futuro sustentável “sem passar pelo Brasil”. Ele afirmou que os brasileiros têm muito para comemorar no campo ambiental. Um exemplo é o fato de, segundo Clinton, o País ter mais de 80% de sua energia vinda de hidrelétricas.

Apesar disso, ele lembrou que o Brasil não pode construir o seu futuro sustentável sozinho. Depende de aprender com exemplos externos e fazer alianças. E, como todo mundo por aqui parece concordar, precisa contar com o apoio e a participação dos brasileiros. Lembrando o cartaz convocando americanos para a guerra, Clinton resumiu a questão ao dizer: “O mundo precisa de você”.

O ex-presidente não escapou da questão nuclear, tema preponderante em Manaus. Não foi categórico em defender ou condenar a construção de usinas, mas levantou pelo menos um senão. “Se for construir uma usina e não tiver onde enterrar os dejetos radioativos por milênios, você está com um problema na mão.”

Clinton estava tão pouco acessível durante a sua visita a Manaus que a primeira pergunta lida no palco por Ana Paula Padrão foi feita pelo governador do Amazonas, Omar Aziz. O ex-presidente respondeu a mais uma meia dúzia de questões, nenhuma feita por jornalistas.

Energia

O Fórum Mundial de Sustentabilidade chega ao último dia sem perder energia. A movimentação ainda é intensa no hotel Tropical e a expectativa é grande para acompanhar a apresentação da estrela do dia, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton. Às 15h30, ele faz uma palestra na qual irá elencar o que há de humanístico na sustentabilidade.

O consultor ambiental Fabio Feldmann abriu os trabalhos deste sábado falando de políticas públicas sustentáveis. Lembrou a dificuldade que foi a aceitação inicial do rodízio de veículos em São Paulo (“Chegaram a fazer adesivos com frases contra a minha mãe”), falou sobre a força que os verdes ganharam após o desempenho de Marina Silva na eleição presidencial do ano passado, defendeu licitações sustentáveis (“É absurdo o governo deixar de comprar lâmpadas econômicas”) e, assim como Arnold Schwarzenegger, disse que o discurso ambientalista precisa ganhar contornos mais sedutores para “tocar os corações”.

Após o discurso de Bill Clinton, sobe ao palco o senador Eduardo Braga, que vai falar sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia. Fechando o dia aqui no hotel Tropical, o organizador do evento, João Dória Jr., lê o manifesto “Por um Planeta Mais Sustentável”, às 17h30.

Mas o encontro não termina aí. Encerradas as atividades no hotel, o povo migra para o Teatro Amazonas, onde, às 20h30, acontece a Hora do Planeta, ação do WWF para alertar o mundo sobre o aquecimento global. Uma apresentação da Orquestra de Câmara do Amazonas e um show de fogos colocam ponto final no fórum às 23h.




Como Montar uma Aula: Planejamento