quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Notícia da Semana Atualidades

Lula diz que mundo vai à falência, se países ricos não estimularem o consumo

Presidente brasileiro pede que mundo desenvolvido deixe de pensar só na exportação

AFP

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Os países ricos devem estimular o consumo interno, como fizeram as nações emergentes, já que se incentivarem apenas as exportações como forma de sair da crise "o mundo vai à falência", alertou nesta quinta-feira (11) em Seul o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Se os países mais ricos não estão consumindo a contento, o mundo vai à falência. Se todo mundo quiser só vender, não quiser comprar, como é que vai ficar o Ceará?", disse Lula, brincando.
Ao contrário das nações emergentes, que adotaram políticas expansivas durante o auge da crise financeira internacional, "os países ricos, que têm uma margem de manobra menor sobre o consumo (...), fizeram uma contenção do gasto", afirmou o presidente do Brasil.
"Mas se eles (os países desenvolvidos) não consumirem e se quiserem apostar apenas nas exportações (como mecanismo para sair da crise), o mundo vai à falência", advertiu Lula antes do início da reunião de cúpula do G20.
Lula, que chegou à reunião do G20 afirmando que "dialogar é melhor do que brigar", explicou que "num mundo globalizado, e cada vez mais interdependente, não podemos mais deixar que um país tome uma decisão unilateral sem pensar nas consequências para os demais países".
O presidente também destacou que o comércio mundial depende diretamente do consumo nas nações desenvolvidas. "Todo mundo quer ganhar mais com mais exportação. E não é possível apostar apenas nisto", completou, em uma entrevista coletiva antes da reunião de cúpula do G20.
"Os países emergentes não suportam ser responsáveis pelo consumo e pela produção ao mesmo tempo", disse, antes de pedir um acordo no G20 para ações de consenso destinadas a corrigir os desequilíbrios cambiais que afetam o comércio mundial.
Lula foi consultado sobre a alternativa de uma cesta de moedas para substituir o dólar como moeda de referência, e disse que o Brasil trabalha nesta possibilidade com China, Rússia e Índia.
"Desde o ano passado estamos discutindo no BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), para fazer comércio em nossas moedas. Isto é fácil de falar, mas estamos tão acostumados a trabalhar com o dólar que há medo de fazer algo novo", afirmou.
"Mas o dólar não pode continuar sendo uma moeda de referência se é feito por apenas um país. Tem que haver outras possibilidades de referência", concluiu o presidente brasileiro.
Ao lado do presidente Lula durante a entrevista, o ministro da Fazenda Guido Mantega advertiu que se o G20 não alcançar um acordo que permita evitar as manipulações cambiais, o mundo seguirá para um "protecionismo comercial".
"É preciso obter acordos sobre moedas chaves, já que se cada um se defender e cada um manipular o câmbio, isto leva os países que têm mercado a tentar protegê-los", destacou Mantega.
"Se o desequilíbrio cambial não for contido, os países que têm excesso de dólares deverão adotar medidas defensivas de controle de capital", completou Mantega, em referência às decisões anunciadas pelo ministério da Fazenda para tentar conter o fluxo de capitais especulativos que buscam no Brasil melhores rendimentos do que em mercados tradicionais de países ricos.
"A guerra cambial que se transforma em guerra comercial é um tema importante para ser debatido no G20", disse o ministro.
"Há países que procuram desvalorizar suas moedas para que as mercadorias fiquem mais baratas e melhorar suas exportações", declarou, citando China e Estados Unidos.

Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/110521_LULA+DIZ+QUE+MUNDO+VAI+A+FALENCIA+SE+PAISES+RICOS+NAO+ESTIMULAREM+O+CONSUMO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

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