Guerra do Contestado é tema de debate
Sociólogo José de Souza Martins vai discutir conflito com repórteres do 'Estado' nesta quinta-feira, em São Paulo
25 de março de 2012 | 3h 07
Estado de S.Paulo
A Guerra do Contestado (1912-1916), ocorrida na divisa entre Santa Catarina e Paraná e considerada a maior rebelião civil do País no século 20, será tema de um debate promovido pelo Estado nesta quinta-feira, 29, das 12h às 14h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. O debate ocorrerá no Teatro Eva Herz e a entrada é franca. O auditório tem capacidade para receber 200 pessoas.
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TV ESTADÃO: Assista aos depoimentos de sobreviventes da Guerra do Contestado
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Reprodução
Reportagem trouxe memórias de infância de sobreviventes da maior rebelião civil do século 20
O debate Meninos do Contestado terá a participação do professor de Sociologia José de Souza Martins, titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e estudioso de movimentos sociais, e dos repórteres Leonencio Nossa e Celso Junior, que contarão os bastidores do caderno especial Meninos do Contestado, publicado pelo Estado em fevereiro para marcar os 100 anos do início da guerra. Também será exibido um vídeo produzido pelos dois jornalistas em Santa Catarina, região do conflito, com depoimentos de sobreviventes e reprodução de fotos da época.
As origens da guerra remontam a 1910, quando a Brazil Railway, subsidiária da Lumber Company, concluía a construção do trecho da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul no território disputado por Santa Catarina e Paraná, o Contestado. A Lumber conseguiu concessão do governo para explorar pinhos e imbuias nos 15 quilômetros de cada lado da ferrovia.
Com isso, 4 mil trabalhadores recrutados em outros Estados para as obras foram demitidos e expulsos de cabanas levantadas nas margens da estrada. A eles se juntaram andarilhos messiânicos que viviam em terras entregues à Lumber e federalistas foragidos do Rio Grande do Sul.
Cenário. O Brasil de 1912 ainda vivia sob o impacto da proclamação da República, duas décadas antes. Representantes do setor agrário de São Paulo e Minas e militares eram os protagonistas de um regime com instituições tomadas pela corrupção e que não conseguia evitar rebeliões nas cidades e no interior.
O presidente Hermes da Fonseca, um militar de carreira, mantinha a política do tio, Deodoro, proclamador da República, e de Floriano Peixoto de aniquilar defensores da monarquia. A presença de federalistas, adversários de Floriano, no movimento do Contestado foi usado pelo governo para esquecer o desastre de Canudos, de 1897, e enviar o Exército para mais uma batalha no sertão, dessa vez no Sul do País. Mesmo deixando 10 mil mortos e um rastro de destruição, o conflito segue pouco conhecido pela maioria dos brasileiros.
Martins vai abordar as causas e o contexto político do País na época da guerra. Colunista do Estado, Martins pesquisou movimentos milenaristas no Brasil, dentre eles o do Contestado - em 1979, ele visitou a região e conheceu cenários de episódios da guerra. Dentre outros livros relativos ao tema escreveu Os Camponeses e a Política no Brasil (Editora Vozes) e O Sujeito Oculto (Editora da UFRGS).