segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Mais de serra e Haddad


Segundo turno

Serra rebate Lula e diz que petistas 'vão para a cadeia'

Tucano demonstrou que não pretende abdicar do chamado discurso ético e diz que PT quer vencer eleição paulistana para minimizar as condenações do partido no julgamento do mensalão

O candidato José Serra durante coletiva na sede central do PSDB, no centro de São Paulo
Candidato pretende manter julgamento do mensalão na pauta da eleição em São Paulo (Fernando cavalcanti/ Milenar )
Na semana decisiva da disputa pela prefeitura de São Paulo, o candidato do PSDB, José Serra, acusou neste domingo o PT, do adversário Fernando Haddad, de querer vencer a eleição paulistana para minimizar as condenações de líderes do partido no julgamento do mensalão. O tucano demonstrou que não pretende abdicar do chamado discurso ético na reta final da campanha ao afirmar que petistas acabarão na "cadeia".
Indiretamente, Serra fez alusão ao comentário do ex-ministro José Dirceu, já condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa. Após a condenação, em encontro com correligionários, Dirceu disse que a vitória de Haddad era mais importante para o PT do que o julgamento. "Eles acham também que a eleição em São Paulo vai compensar o crime do mensalão. Mas não vai, não. Esse pessoal vai para a cadeia mesmo", afirmou Serra após discursar para universitários de uma associação na Lapa, bairro da zona oeste da capital paulista.
O candidato do PSDB tratou do assunto ao responder sobre as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, que participaram no sábado de um comício da campanha de Haddad. "Eles jogam eleitoralmente e na base da mentira. É um partido de gente que mente o tempo inteiro. Eles atacam, fazem jogo baixo e ao mesmo tempo dizem que o outro é que está fazendo", disse Serra.
Comparação – No comício, Lula comparou as renúncias de Serra a mandatos no Executivo (ele deixou a prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do estado, do qual saiu em 2010 para tentar a Presidência) à trajetória dos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor. Jânio e Collor também deixaram de terminar mandatos por motivos eleitorais. Dilma afirmou que Haddad é vítima da mesma "campanha de baixo nível" que ela enfrentou na disputa contra Serra em 2010.
"É a estratégia petista típica. Eles jogam baixo, muito baixo", disse Serra, sem citar nomes. A nova ofensiva do tucano vai contra o que pregam publicamente integrantes da campanha. Líderes mais próximos do candidato avaliam que o julgamento do mensalão já foi explorado com o eleitorado sensível ao tema e, portanto, talvez não venha a agregar quantidade significativa de eleitores. Coordenadores do comitê serrista dizem, no entanto, que é preciso manter a mesma linha de propaganda e não deixar o mensalão sair da pauta.
Em caminhadas nos bairros das zonas leste e sul, cabos eleitorais de Serra começaram a distribuir no fim de semana adesivos com a frase "Diga não ao mensalão" com tonalidade vermelha ao fundo – a cor usada pelo PT. O STF deve concluir nesta semana o julgamento. 

Noam Chomsky - Roda Viva (Brazil)

Notícia da semana Atualidades (Eleição em SP 2º turno)


A politica das agressões

O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, esquece as propostas para a cidade, parte para o ataque contra o concorrente do PT, Fernando Haddad, agride verbalmente jornalistas e despenca nas pesquisas às vésperas do 2° turno

Pedro Marcondes de Moura e Alan Rodrigues
Chamada.jpg
DESTEMPERO
A 17 pontos do petista Fernando Haddad, Serra se desespera e 
passa a utilizar uma tática agressiva na reta final da campanha
Vendo que a distância para o concorrente Fernando Haddad (PT) aumenta a cada nova pesquisa de intenção de voto, a uma semana do segundo turno da eleição à Prefeitura de São Paulo, o candidato do PSDB, José Serra, reedita a malfadada estratégia usada contra Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2010. Diante das projeções nada alvissareiras para ele – o instituto Datafolha aponta uma vantagem de 17 pontos para Haddad –, Serra passou a enxergar na tática das agressões a única forma de evitar a derrota que parece se avizinhar. Destemperado e irascível no trato com jornalistas e até correligionários, o tucano acionou a metralhadora giratória nos últimos dias. Em atos públicos e, principalmente, nas inserções de rádio e televisão, Serra desferiu uma série de ataques ao oponente. Insistiu na tentativa de vincular Haddad aos réus do mensalão e explorou de maneira equivocada a confecção do chamado “kit gay” pelo petista durante sua gestão no Ministério da Educação.
IEpag38a42_Serra-1.jpg
“Isso não é combater homofobia, é uma espécie de doutrina. O problema do kit gay é acima de tudo pedagógico”, declarou o candidato do PSDB. O ataque se voltou contra ele próprio, quando o jornal “Folha de S.Paulo” revelou, durante a semana, que material semelhante destinado a tentar combater o preconceito a homossexuais havia sido distribuído em 2009, pelo governo de Serra, para escolas públicas paulistas. Questionado sobre a contradição, Serra tentou, em vão, diferenciar as duas iniciativas, perdeu a cabeça e mergulhou sua campanha numa agenda negativa na reta final da eleição.
Ataques a jornalistas Descontrolado, Serra agrediu verbalmente jornalistas em três ocasiões. Na segunda-feira 15, indagado por uma repórter do portal UOL se o tom mais agressivo de seu primeiro programa do segundo turno guardava relação com a diferença então de dez pontos percentuais em relação a Haddad nas pesquisas, disse que ela estava ajudando a campanha petista. Na terça-feira 16, quando a mesma profissional perguntou se o tucano concordava ou não com o uso de materiais de combate à homofobia nas escolas, Serra esquivou-se de responder e sugeriu que a repórter deveria ir trabalhar no comitê do PT. Já em entrevista à rádio CBN, o ex-governador incomodou-se com questões colocadas pelo jornalista Kennedy Alencar, a quem chamou de mentiroso e acusou de fazer campanha para o adversário. A postura adotada pelo tucano foi criticada por Soninha Francine, do PPS, candidata derrotada no primeiro turno e apoiadora da campanha do PSDB. “Eu não concordo com esse jeito dele de reagir. Mas, infelizmente, ele (Serra) é assim, não tem paciência com a imprensa.” O resultado não poderia ser pior. Nos últimos dias, as propostas para a cidade, que é o que importa para o eleitorado, foram relegadas a segundo plano pelo candidato do PSDB. E sua rejeição junto à população bateu incríveis 52%.
2.jpg
Na batalha pelo comando da capital paulista, José Serra parece mandar às favas a premissa do marketing político segundo a qual “quem bate, perde”. Pesquisa da empresa Controle da Concorrência aponta que, durante o primeiro turno, o ex-governador gastou 16,57% de suas 4.874 inserções no horário comercial televisivo em ataques ao adversário petista, mesmo com a liderança de Celso Russomanno (do PRB) até as vésperas do pleito. Foram 666 inserções endereçadas apenas a atacar Haddad e outras 142 que citavam, além do ex-ministro da Educação, outros postulantes. No mesmo período, Haddad destinou 7,75% do seu espaço a críticas ao adversário tucano. O petista elencou como principais motes a renúncia de Serra ao cargo de prefeito em 2006 e a administração do prefeito Gilberto Kassab, considerada ruim ou péssima por 42% dos eleitores. O coordenador-geral da campanha tucana, o deputado federal Edson Aparecido, tenta minimizar os efeitos da estratégia, que, até agora, se revela equivocada. “Mostrar as falhas de Haddad no comando do Ministério da Educação é discutir a capacidade dele de gerir uma cidade como São Paulo”, diz Aparecido. “Isso não pode ser confundido com agressividade. Faz parte de qualquer campanha”, comenta.
3.jpg 
Tática de risco Para o consultor político Gaudêncio Torquato, no entanto, trata-se de uma tática muito arriscada e que, normalmente, não gera resultados. “Em grandes centros urbanos, os ataques pessoais, acusações ou tentativas de destruir a imagem de candidatos não costumam produzir resultados. Apenas reforçam a opinião daqueles que já são eleitores deste ou daquele partido”, comenta o professor da Universidade de São Paulo (USP). Segundo Torquato, o eleitor, em geral, prefere uma campanha baseada em propostas. “O eleitorado quer uma campanha propositiva em que o candidato se mostre capaz de solucionar os problemas da cidade”, analisa. Para o estudioso, o único ataque capaz de alterar votos é aquele que consegue desconstruir as propostas feitas pelo opositor. Foi o que ocorreu com o Celso Russomanno (PRB) no primeiro turno da eleição paulistana. “O Russomanno caiu vertiginosamente depois de baterem em sua ideia de atrelar o preço das tarifas de ônibus às distâncias percorridas pelo passageiro”, lembrou Torquato.
4.jpg
Diante do cenário favorável apontado pelas pesquisas, a ordem no QG do concorrente de José Serra, o petista Fernando Haddad, é usar materiais negativos apenas para neutralizar eventuais ofensivas do tucano Serra. Foi seguindo esta estratégia que Had­dad propôs a Serra, durante o debate da Rede Bandeirante na quinta-feira 18, uma espécie de armistício para retirar as ofensas da pauta do segundo turno e promover uma campanha voltada a ideias para a cidade. “Fica o meu convite para que as duas equipes se reúnam amanhã e estabeleçam um protocolo para que esses ataques pessoais saiam de cena e tenhamos uma semana mais propositiva”, propôs Haddad. “Temos que discutir exclusivamente as propostas”, afirmou. Nos bastidores do staff do PT sabe-se, no entanto, que até a eleição do domingo a escalada de agressões tende a crescer. Vislumbrando possíveis denúncias do lado tucano, os petistas guardam munições nas mangas. “Se a campanha do Serra vier com algum denuncismo de última hora, vamos trazer à tona temas que envolvem crimes financeiros de pessoas próximas a ele”, diz um dos coordenadores da candidatura petista.
5.jpg 
Crítica de aliados Apesar de o núcleo da campanha do PSDB ainda manter discurso otimista e desqualificar os resultados das pesquisas que apontam uma diferença de 16 a 17 pontos de vantagem de Haddad sobre Serra, dirigentes da legenda já admitem que as chances do ex-governador vencer a corrida pela prefeitura de São Paulo tornaram-se remotas. O tucano passa por uma trajetória de queda até entre o eleitorado cativo do partido. Em conversas com interlocutores, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou duramente a condução da campanha. “A campanha de Serra flerta com o conservadorismo”, disse FHC, presidente de honra do PSDB. O ex-governador Alberto Goldman também demonstrou contrariedade com o tom adotado por Serra. “Se fosse ele, não alimentaria o debate sobre o kit gay. Diria que não tem nada a ver com a eleição”, afirmou Goldman. O uso do kit gay por Serra irritou até o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. “Em São Paulo, a campanha resvala para elementos que não são os mais relevantes. Se foi mamãe que fez o kit gay ou se foi vovó que assinou”, criticou Guerra.

Antes de aceitar ser candidato ao Executivo Paulistano, José Serra comparava a atual disputa eleitoral a um funeral. Se vencesse, receberia honras militares. Porém, se perdesse, seria “enterrado como indigente”. No domingo 28, as urnas nortearão o seu destino.
Fotos: Ale Cabral/Futura Press; Marlene Bergamo/Folha Imagem
Fonte: Controle de Concorrência 
Fotos: Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress; Paulo Pinto
Fotos: HELVIO ROMERO/AG. ESTADO/AE; joão castellano/ag. istoé

Como Montar uma Aula: Planejamento