domingo, 3 de julho de 2011

Notícia da Semana Atualidades


Pacote grego passa, e crise sai de 'férias'
01 de julho de 2011

Folha de S.Paulo (SP)
Aprovação de detalhamento do ajuste fiscal abre caminho para que o país receba nova parcela de ajuda externa

Medidas de arrocho provavelmente vão trazer de volta atos de protesto no segundo semestre deste ano

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Os deputados sem gravata, na grande maioria, as deputadas em trajes mais vistos em "resorts" do que no Parlamento. Foi assim que passou ontem, por 155 votos a 136, o detalhamento das medidas que compõem o duro pacote de ajuste fiscal grego, no valor de € 78 bilhões (R$ 176 bi), aprovado na véspera.
Os trajes de férias correspondiam, simbolicamente, ao novo momento da crise: entrou em férias de verão.
É o que deixa claro o comunicado da Comissão Europeia, o braço executivo do conglomerado de 27 países europeus, ao saudar o segundo voto favorável: "Cumprem-se as condições para tomar uma decisão sobre o desembolso do próximo pedaço de assistência financeira à Grécia e para um rápido progresso no segundo pacote de assistência".
Traduzindo: a "troika" UE/Fundo Monetário Internacional/Banco Central Europeu deve liberar tanto os € 12 bilhões que permitem à Grécia fechar as contas até setembro como um segundo plano de socorro, em tese no valor de € 120 bilhões, para cobrir o período que vai até 2014, sem que o país se veja constrangido a dar calote na sua dívida.

PERDA DE CONTROLE
Mas as férias terminam com a chegada do outono em setembro (hemisfério norte).
Entre aprovar um pacote impopular e implementá-lo, há uma distância que talvez o governo não ultrapasse.
O ceticismo aparece na coluna de Costas Iordanidis para o jornal "Kathimerini" ("O Diário"): "Porque as privatizações muito provavelmente não avançarão depressa o suficiente, porque o mecanismo de cobrança de impostos certamente falhará e porque a recessão continuará, há um sério risco de revolta social, de violência incontrolável e de perda de controle, como os eventos [de quarta-feira] ilustraram vividamente".

CETICISMO
O ceticismo é razoável pelo menos em três pontos, recessão, privatizações e impostos. A privatização é o forte do pacote: pretende-se levantar € 50 bilhões em três anos e meio, quando nos 17 anos mais recentes a Grécia só conseguiu privatizar ativos pela metade desse valor.
Pior: apenas cerca de um quarto do total previsto está apto para venda, de acordo com o instituto de pesquisas Barômetro da Privatização.

IMPOSTOS
O ministro de Finanças admite que ainda é "preciso completar o novo sistema nacional de impostos e usar meios inteligentes de combater a evasão fiscal, incluindo levantar o sigilo bancário".
Como os novos impostos entram hoje em vigor, e o sistema ainda está manco, pouca gente acredita que a evasão baixará dos 35% que se calcula ser o tamanho atual da economia submersa.
Não é à toa que a nota de felicitações da União Europeia termina lembrando "o duro trabalho que ainda há por fazer".
Só não lembra que em setembro voltará à Grécia a missão da "troika" para verificar se os trabalhos estão sendo de fato feitos. Se não estiverem, reaparece toda a tensão dos últimos três meses.
Fonte: http://www.portaldoeconomista.org.br/noticias/pacote-grego-passa-e-crise-sai-de-ferias.html

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