segunda-feira, 21 de março de 2011

Reflexões

Carta à Obama

Por Chico Braun

A visita ao Brasil do presidente Obama, suscita alguns aspectos interessantes para uma reflexão. Exatamente para pensarmos a posição do Brasil no cenário internacional, lógico que não só do Brasil, mas, da América Latina.

O discurso simpático e sintonizado com a cultura e sociedade brasileira apontam para uma nova maneira de se relacionar com o Brasil e no seu discurso a democracia foi um ponto relevante e incisivo. Gostaria de apontar alguns aspectos que muitas vezes a política externa e interna dos Estados Unidos vem deixando de lado a democracia na forma de gerir a sociedade.

Nos anos 1990, Noam Chomsky no livro Segredos, Mentiras e Democracia nos alertava de alguns problemas da vida social como a inexistência de saúde pública pois, a saúde ficou a cargo das empresas de plano de saúde, atendimento médico somente para quem possui plano de saúde. Apontando também para uma terceira mundialização do país e criticando o trato que o Pentágono dá ao dinheiro público arrecadado através dos impostos, fazendo pesquisa criando novas armas e produtos (como a internet) e depois repassando a tecnologia para as grandes corporações explorarem a tecnologia sem nenhum investimento.

No tocante a democracia, as eleições presidenciais conta com o voto popular, porém, é o colégio eleitoral que define a escolha do presidente. Isso aponta para uma visão um tanto míope de democracia ainda que democracia seja hoje um conceito reduzido e vulgarizado, isso me faz lembrar as palavras de José Saramago, quando se referiiu a democracia como “uma santa no altar” ninguém quer debater o assunto com propriedade conceitual, nos limitamos resumir democracia através de “eleições onde escolhemos nossos representantes”.

Nesse sentido o Brasil e a América Latina, precisam escolher o caminho a percorrer para não se tornarem como disse o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano “tristes caricaturas” de uma política que muitas vezes se esquece da democracia em troca de interesses econômicos, de investidores e de corporações interessadas em reproduzir seus lucros esquecendo do bem comum e de sua importância social.

A América Latina precisa pensar qual caminho seguir para não repetir uma política equivocada, interessada apenas em seus interesses econômicos, mesmo que isso seja interferir na soberania de um país (os exemplos do Afeganistão, Iraque) fora outros como as restrições a Cuba. Esperamos que Obama possa voltar para casa levando lições da sua visita à América Latina, visto a semelhança vivida no passado colonial e que a diversidade étnica e cultural que a América Latina aprendeu a viver possa servir de aprendizado para um país que tem uma grande riqueza cultural, política, mas que precisa ver os demais como parceiros e não apenas como um negócio ou possibilidade de expansão dos lucros das grandes corporações.





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