Petista Fernando Haddad é o novo prefeito de São Paulo
Escolha praticamente pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Educação repete parte razoável da trajetória eleitoral da presidente Dilma Rousseff
Do Portal Terra
O candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, está matematicamente eleito, e é o novo prefeito de São Paulo. Com 92,48% das urnas apuradas até as 19h16, o petista tem 56,03% dos votos, e não pode mais ser alcançado pelo candidato do PSDB, José Serra, que aparece com 43,97%. Haddad vence a disputa após ficar em segundo lugar no primeiro turno, com 28,98% dos votos, atrás do tucano, que alcançou 30,75% dos votos válidos.
Escolha praticamente pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Educação repete parte razoável da trajetória eleitoral da presidente Dilma Rousseff (PT). A exemplo de Dilma, o estreante Haddad foi apontado por Lula, enquanto boa parte dos quadros petistas preferiam a indicação da ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT), prefeita de São Paulo entre 2001 e 2005, mas que havia perdido os dois pleitos seguintes. Haddad, que se licenciou do MEC em janeiro, precisou de uma escalada até a vitória deste domingo.
As primeiras pesquisas para a disputa em São Paulo, no mês de maio, davam ao ex-ministro cerca de 3% das intenções de voto. Primeiro candidato a apresentar plano de governo em detalhes, Haddad iniciou sua escalada rumo ao segundo turno quando o horário eleitoral gratuito chegou aos meios de comunicação. Com o apoio dedicado de Lula, em que pese suas limitações após o tratamento de um câncer na laringe, e da presidente Dilma, que dividiu a agenda com seus compromissos em Brasília, Haddad chegou à terceira posição. A primeira vitória também passou por uma coligação marcada por uma grande polêmica, mas que permitiu ao PT e seu candidato terem mais de sete minutos por dia na televisão.
Com intervenções diretas de Lula, a candidatura de Haddad recebeu os apoios do PSB e do PCdoB, o que obrigou Netinho de Paula a abdicar de sua pré-candidatura. Mas foi a aliança com o PP que criou polêmica: embora sejam aliados do PT no plano federal, os pepistas travaram rivalidade histórica na capital paulista, personificada pela imagem desgastada de Paulo Maluf. O deputado federal oficializou seu apoio a Haddad em uma fotografia com o ex-presidente que dominou o noticiário. Pouco ativo na campanha petista, porém, Maluf foi aos poucos suplantado.
Nos últimos dias da disputa de primeiro turno, Haddad deslanchou nas pesquisas e retomou os votos que Celso Russomanno, do PRB, parecia disposto a conquistar na classe mais carente. Novamente forte na periferia, o PT e seu candidato conseguiram mais de 29% do eleitorado da capital e a confirmação de mais três semanas de campanha. O adversário era um velho conhecido e o predileto dos petistas: José Serra, do PSDB. Vencido por Lula, em 2002, e por Dilma, em 2010, o tucano havia retornado a São Paulo em busca de um cargo majoritário, mas seu alto índice de rejeição (em torno de 50%) praticamente definiu a vitória a favor de Fernando Haddad, que optou por campanha propositiva e venceu graças a dois pilares principais: alianças e plano de governo.
Repercussão
O presidente estadual do partido em São Paulo, deputado Edinho Silva, afirmou esperar uma transição pacífica do governo de Gilberto Kassab (PSD). Segundo o parlamentar, o partido crê que a atual administração facilite a troca de comando na capital paulista.
"Vamos fazer uma transição democrática e republicana. Vai ser uma transição pacífica", disse Edinho. A liderança petista também refutou uma possível "perseguição política" aos atuais servidores alinhados com Kassab.
"Perseguição não faz parte da tradição do PT. O Haddad é um homem democrático. Ele vai chegar à prefeitura olhando para o futuro", afirmou. Segundo ele, funcionários da administração municipal que queiram auxiliar o futuro governante serão chamados a participar de um possível governo do PT.
Edinho também analisou a divisão de poder no Legislativo municipal. Para ele, Haddad deve trabalhar com maioria parlamentar em um futuro governo, criando as melhores condições para governar. "Não tenho dúvida de que ele vai conquistar maioria na Câmara (...) o governo dele vai surpreender muita gente na cidade".
Chalita
O deputado federal Gabriel Chalita (PMDB) afirmou que a vitória do candidato petista Fernando Haddad e a consequente derrota do tucano José Serrasignificam "o final de uma época e de um jeito de fazer política". Segundo ele, o PSDB errou ao investir sempre no mesmo nome, no caso, Serra, como candidato à prefeito.
"Quem perde é a democracia e houve um equívoco do PSDB", disse Chalita ao chegar ao hotel onde o PT organiza a possível comemoração da vitória de Haddad. Ainda segundo o deputado, a eleição de Haddad "é a vitória do povo de São Paulo, de propostas, de projetos e de um jeito novo de fazer política".
Chalita evitou comentar sobre a participação do PMDB no governo de Haddad e afirmou que o até então candidato tem de ter serenidade para buscar as pessoas mais competentes para os cargos. "Chegou o momento em que a política não deve encher de amiguinhos", disse Chalita. Ele ratificou ainda que em nenhum momento o PMDB discutiu cargos com o PT, após sua derrota no primeiro turno e o anúncio de apoio a Haddad.
Marta Suplicy
A ministra da Cultura Marta Suplicy avaliou a derrota de José Serra (PSDB) para Fernando Haddad (PT) na disputa pela prefeitura de São Paulo como "merecida" ao chegar ao hotel onde o partido prepara a comemoração pela iminente vitória. Prefeita da cidade entre 2001 e 2004, Marta concorreu àreeleição e foi derrotada pelo candidato tucano. "Convivi muito tempo com as mentiras dele (Serra), com as apropriações que ele fez do meu governo dizendo que eram realizações dele. A derrota deve estar sendo muito dura e foi merecida", afirma.
Para a ministra, o ex-presidente Lula foi "o grande vencedor dessa eleição". Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, Marta foi preterida pelo próprio ex-presidente. Inicialmente, ela não entrou na campanha de Haddad, passando a subir no palanque apenas na reta final, após assumir o cargo de ministra da Cultura.