terça-feira, 15 de novembro de 2011

Notícia da Semana Atualidades

Polícia acha arsenal enterrado na Rocinha

Denúncia feita por moradores levou as autoridades ao esconderijo

AE
2109506-5170-rec.jpg 
Denúncias de moradores da Rocinha mostram que a quadrilha do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, enterrou um arsenal em pontos da comunidade da zona sul carioca antes de fugir. Ontem foram localizados 26 fuzis, 12 pistolas, 2 lança-rojões e outras armas enterradas em dois pontos da favela. Em outro local foi encontrado laboratório de refino de drogas. Ao longo dos dois dias de ocupação, as apreensões somam 41 fuzis, 32 pistolas, 2 bazucas com granadas, 1 submetralhadora, 1 carabina e 1 escopeta, além de 120 quilos de maconha e mais de 160 quilos de cocaína.

A primeira apreensão ocorreu em uma localidade chamada Dioneia, na parte alta da Rocinha. Com base em informações de moradores, policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) começaram a cavar às 8h e, até as 17h, localizaram 22 fuzis, 1 carabina, 7 pistolas, 2 lança-rojões, 2 granadas e 25 quilos de cocaína. A escavação foi interrompida ao anoitecer, mas será retomada hoje, porque a área a ser pesquisada é extensa.

Por volta das 20h, sob uma laje de concreto de cerca de um metro de profundidade, policiais civis da 39.ª DP (Pavuna), auxiliados por agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), encontraram 4 fuzis, 5 pistolas, 14 granadas, cerca de mil munições, placas de cerâmica para coletes à prova de balas, 42 carregadores, 10 radiotransmissores e cocaína em quantidade não auferida até o fechamento desta edição, às 21h30. Para chegar ao material, policiais precisaram de uma britadeira, cedida pela Prefeitura do Rio.

Também com base em informações prestadas por moradores, PMs do Bope encontraram um laboratório de refino de cocaína na Rocinha. Foram apreendidos 90 litros de ácido sulfúrico, 50 litros de éter e 30 quilos de pó branco não identificado.

domingo, 30 de outubro de 2011

Notícia da Semana Atualidades

Terremoto na Turquia completa uma semana com pelo menos 601 mortos


Governo turco encerrou buscas por sobreviventes no sábado (30).
O tremor destruiu milhares de casas na província de Van, próxima do Irã.

 O terremoto que afetou a província de Van (leste da Turquia) no dia 23 completou uma semana neste domingo (23) com pelo menos 601 mortos, segundo a última atualização da unidade de emergência do governo. A contagem anterior dava conta de 596 vítimas fatais.
Pelo menos 4.150 pessoas sofreram ferimentos no sismo de magnitude 7,2.
O tremor destruiu milhares de casas na província de Van, que fica próxima da fronteira com o Irã.
Turkan Ormanoglu, de 57 anos, mostra a foto do filho Tahir Ormanoglu, de 27, que ainda não foi encontrado em Ercis. (Foto: Burhan Ozbilici/AP)Turkan Ormanoglu, de 57 anos, mostra a foto do
filho desaparecido (Foto: Burhan Ozbilici/AP)
Apenas na cidade de Van, a capital regional, mais de 5.000 edifícios desabaram, levantando uma nova polêmica sobre a falta de respeito às normas de prevenção aos tremores e a honestidade dos construtores.
No total, 231 pessoas foram resgatadas com vida dos escombros, anunciou o vice-premier Besir Atalay.
Na sexta-feira (28), um menino de 12 anos foi resgatado depois de passar 108 horas sob os escombros de um prédio. Familiares de pessoas desaparecidas ainda esperam encontrar seus parentes. É o caso de Turkan Ormanoglu, que mora em Ercis e é mãe de Tahir Ormanoglu, um jovem de 27 anos que ainda não foi encontrado.
O governo turco, porém, anunciou que encerrou, no sábado (29), as buscas por sobreviventes.

domingo, 23 de outubro de 2011

Notícia da Semana Atualidades


Governo interino declara libertação oficial da Líbia

Cerimônia aconteceu em Benghazi, berço da revolta contra o regime de Muamar Kadafi


Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,governo-interino-declara-libertacao-oficial-da-libia,789375,0.htm


O novo governo da Líbia declarou neste domingo, 23, a libertação formal do país, depois que o regime de 42 anos do ex-líder Muamar Kadafi chegou ao fim, com sua morte na última quinta, há três dias. A cerimônia aconteceu em Benghazi, berço da revolta contra o antigo regime, diante de milhares de pessoas.
"Declaramos a todo o mundo que libertamos nosso amado país, com suas cidades, povoados, colinas, montanhas, desertos e céus", disse o funcionário do Conselho Nacional de Transição que abriu o evento. Combatentes que lutaram contra as forças de Kadafi em Sirte, local onde o ex-líder foi morto, foram recebidos na cidade como heróis.
Muamar Kadafi está morto
"É a primeira vez que nos sentimos totalmente independentes de verdade. Nos livramos de nosso ditador e estamos começando nossa vida democrática", disse o porta-voz do Conselho Nacional de Transição, Mustapha Goubrania.
Corpo. Os corpos de coronel Kadafi e seu filho Mutassim, também morto na quinta-feira, foram levados para um contêiner refrigerado em Misrata e exibidos à população, que formou longas filas do lado de fora. Segundo fontes médicas, uma autópsia realizada neste domingo concluiu que Kadafi morreu com um tiro na cabeça.
O corpo deve agora ser entregue a integrantes de sua tribo para ser enterrado, de acordo com Goubrania. A comunidade internacional continua pedindo uma investigação completa sobre as circunstâncias em que Kadafi foi morto. No sábado, o comandante das forças que capturaram o ditador assumiu a responsabilidade pela morte do ex-líder.
Em entrevista exclusiva à BBC, Omran el Oweib disse que o coronel foi arrastado para fora do cano de drenagem onde ele foi encontrado, deu cerca de dez passos e caiu no chão ao ser atacado por um grupo de combatentes furiosos. El Oweib afirmou que é impossível dizer quem deu o tiro fatal no ex-líder líbio.
Julgamento. O primeiro-ministro interino da Líbia, Mahmoud Jibril, disse à BBC que queria que o ex-líder Muamar Kadafi não tivesse sido morto. "Sinceramente, em um nível pessoal, eu gostaria que ele estivesse vivo. Eu quero saber por que ele fez isso com o povo líbio", disse ele, durante o programa HardTalk, se referindo aos 42 anos em que Kadafi passou no poder. "Eu queria ser o promotor em seu julgamento."
Jibril também afirmou ser a favor de de uma investigação completa sobre as circunstâncias da morte do coronel Kadafi, como defende a ONU. O Conselho Nacional de Transição anunciou que eleições serão realizadas até junho de 2012. Uma nova constituição será então redigida e votada em referendo. Um governo interino será formado até a realização de eleições presidenciais.
Comandante. Muamar Kadafi, que chegou ao poder após um golpe em 1969, foi derrubado em agosto, após meses de combates. Milhares de pessoas foram mortas ou feridas depois da violenta repressão aos protestos que começaram em fevereiro e acabaram se transformando em uma guerra civil.
Mesmo depois de ser expulso de Trípoli, Kadafi se recusou a se render ou a deixar o país, ordenando que seus seguidores continuassem lutando. No dia de sua morte, ele estava em Sirte, sua cidade natal e último baluarte do regime, junto com dois de seus filhos, Mutassim e Saif al-Islam, segundo relatos.
Ainda não há informações confirmadas sobre o paradeiro de Saif al-Islam, considerado possível sucessor de Khadafi, e do temido chefe de segurança do coronel. 

domingo, 16 de outubro de 2011

Notícia da Semana Atualidades


Dilma e as greves

Diante das paralisações e da pressão dos sindicatos por aumentos, a presidente diz não aos trabalhadores e escala ministros para negociar com cada categoria. A estratégia é dura, mas não compromete a relação entre o governo e as centrais

Adriana Nicacio
chamada.jpg
RECRUDESCIMENTO
Nas negociações com os sindicalistas, iniciadas na última
semana, Dilma deixou claro que não pretende fazer concessões
Como ocorre em todo o primeiro ano de governo, o movimento sindical estica a corda nas negociações por aumentos salariais com o Palácio do Planalto no período de definição dos dissídios coletivos trabalhistas. Foi assim durante os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, e o cenário se repete agora. Escaldada, a presidente Dilma Rousseff montou previamente uma estratégia para lidar com as exigências das categorias profissionais. O plano foi colocado em prática na semana passada, quando a presidente estava na Bélgica, participando da 5ª cúpula Brasil-União Europeia. Dilma indicou auxiliares e integrantes de primeiro escalão para negociar com cada categoria específica e em pelo menos cinco telefonemas para os subordinados em Brasília a presidente deixou clara sua posição. “Avisem que a minha orientação é a de não fazer concessões”, determinou. 

Dilma decidiu jogar duro com os sindicatos por dois motivos. O primeiro é a preocupação com os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira. Outro é a consciência de que está diante de um movimento sindical dócil, domesticado por Lula nos últimos oito anos. A maioria das categorias de servidores, por exemplo, teve generosos aumentos acima da inflação. Já a cúpula sindical foi amaciada ao sabor da liberação de verbas e acomodações em cargos públicos. Hoje, não seria leviano afirmar que os sindicalistas são tão ou mais governistas que o PMDB. “Os trabalhadores têm muita gordura para queimar”, repetiu Dilma nos últimos dias. “As coisas mudaram. No governo Lula, havia muito mais espaço para negociações”, reconhece José Rivaldo da Silva, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Correios. Nessa estratégia de recrudescer o diálogo, a presidente defendeu o corte do ponto dos grevistas e o fim do diálogo com os líderes sindicais até o pronunciamento da Justiça do Trabalho. Ao pesar a mão, ela quer desencorajar demandas de outras categorias, como os petroleiros, que já aprovaram indicativo de greve para a terça-feira 18. Há grande receio com o efeito cascata que seria provocado por aumentos excessivos e seu impacto sobre a inflação.
img.jpg
NÃO LEVARAM
Grevistas dos Correios haviam pedido aumento
superior a 14%, mas só receberam um reajuste de 6,87%
As preocupações não devem se restringir apenas à economia, ensina a retrospectiva histórica. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando endureceu o discurso, pagou uma conta pesada. Em maio de 1995, os petroleiros iniciaram uma greve histórica. Mais de 90% da categoria parou por 32 dias contra a privatização da Petrobras. Após uma semana, o TST considerou a greve abusiva, mas os petroleiros não cederam. A greve foi marcada por demissões, punições e a presença de tanques do Exército nas refinarias da Petrobras. Com isso, Fernando Henrique sofreu enorme desgaste e viu chegar ao fim a lua de mel com os trabalhadores. Diferentemente de FHC, a presidente Dilma Rousseff não quer deixar que a situação chegue a esse ponto. Apesar de enfrentar um sindicalismo de espírito “paz e amor”, ela fez questão de se cercar de cuidados para que nenhum sobressalto político – ou econômico – possa vir a afetar sua popularidade. Se de um lado ela congelou no Congresso o reajuste de 57% do Judiciário e impediu os aumentos da Polícia Federal, de outro escalou quatro ministros para sentar à mesa com os grandes sindicatos. 

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, ficou responsável pela greve dos Correios. Por decisão dele, os contracheques dos grevistas com os dias descontados foram divulgados na intranet da empresa. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebeu a incumbência de acompanhar a greve dos bancários e vetou o aumento real de 5%. A tarefa da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é manter o cofre fechado. Ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, cabe seguir de perto os desdobramentos das negociações com os sindicatos. Mas ele não está sozinho nessa missão: é assessorado pelo experiente sindicalista José Lopez Feijóo, que trocou a vice-presidência da CUT pelo Planalto em abril. O deputado estadual Carlos Alberto Grana (PT-SP), que acumula 32 anos de sindicalismo no ABC paulista, também ajuda nos bastidores. Assim, sindicalistas e governo seguem falando a mesma língua. Um dos argumentos dos ministros à frente das negociações foi apelar à razão dos trabalhadores argumentando que uma crise econômica, caso o País não cuide de suas contas públicas, poderá ser ruim para todo mundo. “Há uma tempestade se formando no céu, não podemos sair de bermuda e camiseta. Temos que ter um guarda-chuva”, justifica o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, titular do Planejamento do governo Lula.
img1.jpg
ARTICULADOR
Ministro Gilberto Carvalho acompanha de perto negociações do governo com sindicatos
O guarda-chuva significa negociar, mas ao mesmo tempo não dar muita guarida aos grevistas na esfera pública. Tanto assim que a greve dos Correios, depois de 28 dias, foi parar no Tribunal Superior do Trabalho. O movimento esticou além da conta e, ao fim da paralisação, os carteiros ficaram felizes porque o TST descontou dos salários apenas sete dias. Os outros 21 serão pagos em horas extras. A empresa sofreu um prejuízo de R$ 200 milhões e os grevistas, que haviam pedido aumento superior a 14%, só receberam 6,87%, além de aumento geral de R$ 80. “O que nós queríamos não conseguimos. Mas demos sorte, porque o TST não aplicou a súmula vinculante. Se tivesse, teríamos perdido muito”, diz o sindicalista José Rivaldo. 

Com os limites de negociação estreitos, os sindicalistas se movem como podem. Na semana passada, quando os bancários entravam na terceira semana de greve sem que a Federação Nacional dos Bancos se manifestasse sobre um acordo, o presidente da CUT, Artur Henrique, passou dois dias tentando convencer o ministro Guido Mantega a pressionar os bancos públicos a abrir o diálogo com os trabalhadores. O meio de campo foi feito. Na véspera de embarcar para a reunião do G-20 em Paris, na terça-feira 11, Mantega entrou em contato com o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine. Pediu que os grevistas fossem ouvidos, mas alertou que o reajuste de 12,8% não seria compatível com o momento econômico. Apesar do jogo duro, Dilma Rousseff tem a seu favor a simpatia irrestrita das centrais sindicais e das lideranças dos servidores públicos. Todos participaram ativamente de sua campanha e ainda estão longe de lhe retirar o voto de confiança. “O primeiro ano do governo Dilma exigiu o endurecimento, mas o ano que vem pode ser de benesses”, diz José Almiran Rodrigues, coordenador jurídico da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas. 
img2.jpg
Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/168019_DILMA+E+AS+GREVES?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

domingo, 9 de outubro de 2011

Notícia da Semana Atualidades

O Brasil encara a Fifa

Dilma Rousseff e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, travam o primeiro grande duelo da Copa de 2014. Em jogo, a mudança de leis, a contratação de fornecedores e o controle da publicidade. Quem vai vencer a disputa?

Amauri Segalla, Alan Rodrigues e Pedro Marcondes de Moura - Ilustração: Baptistão

chamada.jpg
O jogo é duríssimo. Embalado por uma série de conquistas nos últimos anos, o time da casa quer mostrar aos torcedores sua força emergente. O adversário é um gigante acostumado a vencer embates por goleada e que não reluta em usar artifícios – mesmo se forem polêmicos – para alcançar seus objetivos. Mais do que apenas uma competição esportiva, a Copa do Mundo pode se transformar em um confronto encarniçado entre o país-sede, como o Brasil em 2014, e a Fifa, organizadora do evento. Faltam 32 meses para o Mundial, mas a disputa já está acirrada. A Fifa fez ao governo brasileiro uma série de exigências que, se forem rigorosamente cumpridas, criam uma espécie de Estado paralelo enquanto o torneio durar. A entidade máxima do futebol briga por mudanças em leis federais, estaduais e municipais, impõe a contratação de fornecedores (o que vale principalmente para obras nos estádios), quer o controle de toda a publicidade ligada à Copa e pede até a tipificação de novos crimes acompanhada pela criação de varas para julgá-los. Para os defensores da Fifa, entre eles a Confederação Brasileira de Futebol, nada mais justo do que ceder aos apelos de quem trouxe o maior evento esportivo do planeta para o território brasileiro. Para os críticos das propostas, inclusive gente graúda do governo federal, as imposições colocam em risco a soberania nacional. Quem vai vencer essa guerra?

Na semana passada, a reunião realizada em Bruxelas, na Bélgica, entre a presidente Dilma Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva, e Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa (o presidente da federação, Joseph Blatter, não participou do encontro), deu a impressão inicial de que o Brasil está disposto a oferecer o máximo de privilégios à entidade. Não é bem assim. Dilma aceita rever alguns pontos da Lei Geral da Copa, que será analisada no Congresso nos próximos dias, mas é inflexível em outros. A presidente se recusa a alterar o Estatuto do Idoso, que garante a pessoas acima de 60 anos o direito à meia entrada em eventos culturais e esportivos. Se Dilma realmente vencer a batalha, será uma derrota e tanto para a Fifa, que sonha em controlar o preço e a venda dos ingressos da competição. A interlocutores, Dilma também afirmou que não mexerá em uma vírgula do Código de Defesa do Consumidor. Parece pouco, mas significa um golpe na forma de trabalhar da Fifa. Como em Copas passadas, a entidade quer vender ingressos acompanhados de pacotes turísticos. De acordo com a legislação brasileira, a prática configura venda casada, o que é proibido. A ingerência da Fifa preocupa representantes de diversos setores. “Não podemos nos curvar aos ditames impostos pela Fifa”, diz Wadih Damou, presidente da seccional carioca da Ordem dos Advogados do Brasil. “Ela não está acima das regras nacionais.”
PRESSÃO
Contra cortes de privilégios, dirigentes da Fifa endurecem o jogo
e fazem ameaças ao Brasil. Governo contra-ataca e não muda leis
Há muita confusão a respeito das atribuições das partes envolvidas na organização da Copa. À presidente Dilma compete a aprovação – ou não – das normas gerais do jogo, mas particularidades locais não podem ser alteradas por ela. É o caso da meia-entrada para estudantes ou da venda de bebidas alcoólicas nos estádios. No primeiro exemplo, são leis estaduais ou municipais que regulam o benefício. Alterá-las, portanto, é responsabilidade de governos estaduais e prefeituras. Nesse aspecto, ninguém duvida que a meia-entrada para estudantes vai ser cancelada durante o Mundial. “Já ouvi de pessoas da Fifa que, se mantivermos o privilégio, não teremos jogos importantes em nossa cidade”, diz o secretário de Esportes de um dos municípios-sedes do evento, que pede para não ser identificado. “Os caras pegam pesado. Se atrapalhar o jogo da Fifa, você dança.” Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou o Estatuto da Juventude, o que complica ainda mais o caso. A proposta, que terá de passar pelo Senado e depois ser referendada por Dilma, tornaria a meia-entrada um benefício nacional para estudantes de 15 a 29 anos. Até mesmo para não provocar novo desgaste com a Fifa, dificilmente esse artigo do estatuto será aprovado.
img4.jpgTIME
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke (à esq.), com o ministro do Esporte, Orlando Silva
img3.jpg
Acima, Ricardo Teixeira (no centro) fiscaliza o Mineirão
img2.jpg
Thierry Weil, lobista da Fifa no Brasil
É fácil de entender as preocupações da Fifa. Um estudo enviado ao governo federal calcula em US$ 100 milhões os prejuízos gerados pelo benefício da meia-entrada. A entidade, claro, não quer arcar com essa conta. Com faturamento anual de US$ 1,3 bilhão, a Fifa é, na teoria, uma organização sem fins lucrativos. Na prática, conforme denúncias apresentadas principalmente por jornais ingleses, ela teria se tornado uma fábrica de dinheiro que enriquece dirigentes. Sempre que seus interesses econômicos são feridos, a federação reage – e grita a plenos pulmões. Não tem sido raro o governo federal ouvir desaforos de caciques da entidade, inclusive do próprio presidente Joseph Blatter. Pouco tempo atrás, Blatter disse que estava preocupado com o andamento das obras para a Copa e se recusou a responder se o Brasil corria o risco de perder o evento. Claro que não corria. Era apenas jogo de cena para enviar um recado a Dilma, que andava brigada com Ricardo Teixeira, principal parceiro da Fifa no Brasil. “Virou regra: cada vez que o governo brasileiro se nega a atender a uma solicitação, alguém da Fifa fala publicamente e se diz preocupado com a infraestrutura do Brasil”, afirma o diretor de um comitê municipal da Copa de 2014.

Até uma cidade rica como São Paulo pode sofrer sanções da Fifa. Na capital paulista, a Lei Cidade Limpa, do prefeito Gilberto Kassab, proíbe letreiros e outdoors em fachadas e prédios comerciais, o que certamente vai atrapalhar as ações de marketing dos 20 parceiros comerciais da entidade. O que fazer? Mudar a legislação para liberar tudo? Nem a própria prefeitura sabe como agir. “Ainda não temos definições”, diz Gilmar Tadeu, secretário de Articulação para a Copa do Mundo de São Paulo. Nos bastidores, a capital paulista tem sofrido ameaças. A mais comum é a insinuação da perda do jogo de abertura da Copa por causa dos limites impostos pela Lei Cidade Limpa. Nos municípios, há um complicador: as eleições de 2012 devem mudar muitos gestores das cidades e o que vale hoje corre o risco de não significar muito amanhã. Por isso mesmo, há quem aposte em Brasília como sede da partida inaugural, já que a cidade não participa das eleições municipais e, portanto, pouca coisa deve ser alterada até 2014.
img1.jpgHOMEM FORTE
Carlos de La Corte (centro) controla obras e contratações de fornecedores
Embora o governo Dilma tenha endurecido mais o jogo do que seu antecessor Lula, a Fifa já ganhou diversas batalhas. Uma de suas principais patrocinadoras é uma cervejaria. Ou seja: é tão certo que a empresa estará dentro dos estádios da Copa como está garantida a participação da seleção brasileira no Mundial. Detalhe interessante: desde 2008, a venda de bebidas alcoólicas é proibida em partidas do Campeonato Brasileiro em razão de uma recomendação do Ministério Público. Além disso, muitos Estados e cidades têm legislação própria que veta o consumo de álcool em arenas esportivas. Eles vão resistir? É improvável. Os próprios responsáveis pela Copa no Brasil já tratam as restrições como algo do passado. “Se os municípios não cederem, não serão mais sede”, diz, com uma sinceridade impressionante, Francisco Mussnich, consultor jurídico do Comitê Organizador da Copa.

Foi assim na África do Sul, sede da Copa de 2010, e até na forte Alemanha, palco do Mundial de 2006. Na África, a única vitória do comitê local foi a liberação das vuvuzelas nos estádios, permitidas sob o argumento de que eram patrimônio cultural do país. Na Alemanha, fabricante mais tradicional de cerveja do planeta, a Fifa conseguiu impor uma marca americana em praticamente todas as dez sedes. A iniciativa provocou muita discussão. Apesar da onda de protestos, apenas uma cidade, Dortmund, conseguiu autorização para vender uma cerveja local nos estádios. A Fifa tem um respeito leonino por seus patrocinadores. Na Copa da África, uma criativa ação de marketing conseguiu driblar as regras da entidade. Uma empresa contratou 36 modelos loiras e as colocou na arquibancada no jogo entre Holanda e Dinamarca. As beldades estavam vestidas com minissaias e exibiam decotes generosos. Elas, claro, chamaram tanto a atenção que foram parar nas páginas de jornais do mundo inteiro. As moças faziam parte de uma estratégia publicitária de uma concorrente da patrocinadora oficial da Copa. Resultado: as meninas foram presas e soltas algumas horas depois.

img.jpgAJUSTE
Na Arena da Baixada, em Curitiba, a Fifa exigiu troca de assentos
Para a Copa no Brasil, a Fifa quer regulamentar a proibição de ações como essa e sugere a prisão de até dois anos para quem “prejudicar a imagem dos patrocinadores” do evento. O cerco inclui a criação de varas especiais como forma de agilizar o processo de julgamento. Não se trata de um exemplo claro de interferência indevida? “Já acabou a fase em que o Brasil se ajoelhava diante de qualquer pressão internacional”, diz Alexandre Camanho de Assis, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República. “Se cedermos em pontos previstos na nossa legislação, será não só um constrangimento como um ataque à nossa soberania.” Para Robert Alvarez, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing, as manobras da Fifa são ações planejadas. “Dá para notar na escolha das sedes da Copa do Mundo um claro movimento em direção a nações institucionalmente mais fracas e que ocupam posição de destaque no ranking da corrupção, como África do Sul, Catar e Rússia.” O Brasil , portanto, tem uma oportunidade única de provar que não faz parte desse grupo.

Não são poucas as evidências de negócios suspeitos. A construção e a reforma dos estádios podem se transformar em um cipoal de irregularidades. Segundo uma fonte que acompanha de perto as atividades da Fifa no Brasil, a entidade quer repetir aqui uma estratégia adotada na Copa da África do Sul. Para driblar as licitações, a entidade estabelece critérios tão específicos que torna impossível a participação de empresas brasileiras nas concorrências para o fornecimento de materiais. De acordo com essa fonte, na Arena da Baixada, estádio do Atlético Paranaense, as cadeiras da arquibancada já estavam encomendadas, mas a Fifa esbravejou até que o negócio fosse desfeito. O motivo: os assentos não eram reclináveis e não tinham o tamanho exigido pela federação. “O curioso é que foi indicado um fornecedor europeu acostumado a trabalhar em parceria com a Fifa”, diz o executivo que não quer se identificar. Presidente do Conselho Deliberativo do clube paranaense, Gláucio Geara diz que a recomendação da compra das cadeiras foi feita pela Fifa com a anuência do Corpo de Bombeiros local. “Nós sabemos que, se não fizermos o que for pedido, vamos sofrer as consequências lá na frente”, diz Geara.

img5.jpgBELDADES
Na Copa da África, as loiras acima foram presas
A escolha dos gramados dos estádios também é polêmica. A Fifa quer que os atletas brilhem em um palco composto por grama híbrida (metade sintética, metade natural). Além disso, o gramado deve ter um sistema eletrônico de drenagem controlado automaticamente por sensores. “Só existe uma empresa no mundo, a belga Desso, que adota esses sistemas”, diz um dos responsáveis pelas obras no Estádio do Mineirão, em Minas Gerais. “Ou seja, nem precisa fazer licitação.” Os problemas aparecem em todas as sedes. “Queremos muito o Mundial, mas não teremos o evento a qualquer preço”, diz Ney Campello, secretário estadual de Assuntos da Copa do Mundo da Bahia. Recentemente, o governo baiano não assinou o compromisso de conceder os campos oficiais de treinamento à Fifa, por considerar que a minuta do contrato estava fora da legalidade. Uma das cláusulas previa que a entidade, caso julgasse necessário fazer obras de intervenção ou adequação de uma das áreas – que é pública, vale ressaltar –, poderia contratar o serviço e enviar a conta para o Estado. Um grupo de representantes da Fifa atua diretamente junto aos entes públicos para defender os interesses da federação. Nenhuma obra pode ser executada sem o aval do arquiteto Carlos de La Corte, consultor do Comitê Organizador Local, e todas as ações de marketing devem ser aprovadas pela dupla Jay Neuhaus e Thierry Weil, que dá expediente no Brasil e faz forte lobby junto a parlamentares e governadores.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, é mais complicado definir diretrizes que sejam válidas para Estados tão diferentes, digamos, quanto Amazonas e São Paulo. Além de legislações regionais, existem particularidades que não podem ser desprezadas. Na capital paulista, em Belo Horizonte e Curitiba, as pessoas estão acostumadas a ver futebol não apenas nos estádios, mas em bares e restaurantes que possuem telões. A Fifa quer proibir isso (e é natural que queira mesmo proteger os direitos de imagem), mas como vai conseguir monitorar os milhares de estabelecimentos comerciais de uma cidade como São Paulo? Em Salvador e no Recife, os torcedores se aglomeram na praia para ver jogos da Copa do Mundo, mas a Fifa quer controlar tudo o que se consome ali, principalmente bebidas e marcas que não fazem parte de seu rol de patrocinadores. O Brasil possui diversas faces, mas não significa que não possua uma identidade nacional. Uma delas, e talvez a mais forte de todas, é o futebol. Querer enquadrá-lo em regras draconianas é um erro tão grave quanto perder um pênalti no último minuto de uma partida decisiva.

G_Copa_Economia.jpg

Com reportagem de Izabelle Torres e Michel Alecrim

domingo, 2 de outubro de 2011

Notícia da Semana Atualidades

50 Anos da Renúncia de Jânio Quadros


O populismo como religião

Em campanhas sucessivas, o professor de geografia que não fizera sucesso como advogado atraiu eleitores para um caminho que dispensou projetos políticos e programas ideológicos. Nascia o janismo


Julho de 1948 - Como vereador, fiscaliza o desperdício de verduras em feiras livres da cidade de São Paulo. Jânio, que tinha sido eleito como suplente, tomou posse depois que os mandatos dos políticos do Partido Comunista Brasileiro foram cassados
Julho de 1948 - Como vereador, fiscaliza o desperdício de verduras em feiras livres da cidade de São Paulo. Jânio, que tinha sido eleito como suplente, tomou posse depois que os mandatos dos políticos do Partido Comunista Brasileiro foram cassados - Acervo Iconographia

















Ele foi uma coleção de singularidades e paradoxos. Jânio Quadros segundo a certidão de batismo, o filho do médico Gabriel Nogueira Quadros e da dona de casa Leonor Silva Quadros resolveu, ainda menino, acrescentar um “da Silva” e juntar o mais comum dos sobrenomes ao prenome inspirado em Janus, o deus bifronte. Virou Jânio da Silva Quadros. Nascido em Campo Grande, inventou, quando estudante em Curitiba, um estranhíssimo sotaque sem parentesco com Mato Grosso, com o Paraná ou com qualquer região. O acento personalíssimo só pode ser encontrado na voz dos imitadores.
A política no rádio
Numa época em que a televisão ainda engatinhava, osjingles radiofônicos eram uma forte arma de convencimento. Jânio teve vários, além do célebre e excelente Varre, Varre, Vassourinha.
A vocação política e o estilo sublinhado pelo absurdo emergiram na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O candidato a primeiro-secretário do Centro Acadêmico XI de Agosto já exibia trajes desleixados e cabelos em desalinho, parecia pouco asseado, bebia com muita competência, apreciava frases empoladas e surpreendia concorrentes ortodoxos com métodos extravagantes. Passou boa parte da campanha sentado num barril, com chapéu de palha na cabeça circundado por uma faixa com três palavras: “Vote em Jânio”.
Vitorioso, o caçador de votos permaneceu adormecido até 1947, quando os alunos do Colégio Dante Alighieri decidiram conseguir uma vaga na Câmara Municipal para o professor de geografia que não fizera sucesso como advogado criminalista nem ingressara na carreira diplomática “por não corresponder aos padrões estéticos”. A direção dos ventos mudou em 1948, quando o suplente de vereador assumiu uma cadeira na Câmara Municipal.
O discurso que prometia varrer a bandalheira, punir os desonestos e enquadrar os ineptos encontrou um adversário perfeito: Adhemar de Barros, que consolidara a hegemonia regional e, simultaneamente, a imagem de corrupto. Como toda religião populista, o janismo  dispensou projetos políticos ou programas ideológicos. Bastavam frases de efeito valorizadas pela voz do único deus. “É a luta do tostão contra o milhão” ou “É preciso acabar com tudo isso que aí está”.
Em campanhas sucessivas, o domador das multidões com vassouras desfraldadas elegeu-se deputado estadual, prefeito de São Paulo, governador, deputado federal e presidente da República. Em apenas 13 anos, Jânio foi tudo. 
Adhemar de Barros (1901 - 1969)













 ADHEMAR DE BARROS (1901-1969)

Ao longo dos anos 50, a vassoura de Jânio e o trevo de Adhemar de Barros protagonizaram o Fla-Flu da política paulista. Hegemônicos desde 1938, quando o filho de fazendeiros de Piracicaba foi nomeado interventor por Getúlio Vargas, os ademaristas não conseguiram resistir ao inimigo que prometia varrer a corrupção. “Rouba, mas faz”, retrucavam os partidários de Adhemar, que voltariam ao poder depois da renúncia. “Sinto saudade dele”, contou Jânio em 1980. “Era a minha referência.”

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o-populismo-como-religiao

Para mais informações: http://veja.abril.com.br/tema/50-anos-da-renuncia-de-janio-quadros

Como Montar uma Aula: Planejamento